
Cadeira 03
Patrono
Nasceu em Campos, na Província do Rio de Janeiro em 1832 e faleceu em Ponta Grossa em 1896. Aqui chegou no ano de 1865, investido das funções de Juiz Municipal, funções essas que logo abandonou para dedicar-se ao ensino, área de sua predileção. Veio viúvo, com quatro filhos homens. Logo depois, casou-se com Ubaldina Francisca Ferreira, filha de um abastado fazendeiro local, e tiveram um filho que se chamou Manuel Cirillo Ferreira, mais tarde conhecido como Nhonhô Collares. Na época, Ponta Grossa de “freguesia foi elevada à categoria de vila, pela lei número 34 de 7 de abril de 1855. Palácio do Governo do Paraná. Quarto ano da Independência e do Império. Ass. Zacharias de Goes e Vasconcellos”. Iniciou sua atividade na área da educação, juntamente com um advogado vindo de São Paulo, o Dr. Tristão Cardoso de Menezes, realizando seu sonho. A amizade entre ambos cresceu e floresceu. Dela resultou a criação em 1867 de uma escola de alto nível na área da educação situada na Rua das Tropas, hoje Augusto Ribas.
Em 1869 fundou e abriu, sempre com seu sócio e amigo, o Instituto Paranaense, em terreno de sua propriedade, onde mandou construir um edifício de material, numa área de seis mil metros quadrados; havia ali jardim, lavoura e pomar, cuidadosamente cuidados. O estabelecimento mantinha externato e internato de pensionistas que comportava centenas de alunos vindos de diversas cidades da Província e de fora dela. O corpo docente era de alta qualidade e mantinha cursos de Português, Latim, Francês, Inglês, Geografia, Aritmética e Geometria. Trabalhou juntamente com seus filhos José Martins Collares e Manuel Cirillo Ferreira. O internato foi fechado em 1878. O externato foi fundado em 1879 e visitado por D. Pedro II no ano de 1880, a célebre ocasião em que o Imperador foi recebido na casa do major Domingos Ferreira Pinto (Praça Marechal Floriano Peixoto, esquina com a Rua Marechal Deodoro), mais tarde agraciado com o título de Barão de Guaraúna.
Fundou ainda, em 1876, junto com pessoas da comunidade, um teatro, o Teatro Sant’Anna, para apresentação de peças e danças com orientação do espanhol Manuel Miró, e tendo José Vieira Godoy como professor de música. A banda de música do Professor Godoy tinha seu corpo de cantores, para a celebração das festas de Sant’Ana, do Divino e da Santíssima Trindade. Logo depois, formou ele também uma banda de música, que viria a ser mais tarde a tradicional e conhecida Lira dos Campos. Nosso acadêmico, homem culto e inteligente, nada deixou escrito. Deixou-nos, porém, enraizado nos alvores da comunidade princesina, um belo e vigoroso exemplo de cidadania e amor pelo conhecimento e pela educação.
Legenda das Imagens
1. Lápide do jazigo do Dr. Collares no Cemitério Municipal São José com o epiteto: “INFANTORUM MAGISTER MAGNUS FUIT”. Fotografia tirada por Carlos M. Fontes Neto em 01/11/2023.
2 e 6. Edificação que existia na Rua XV de Novembro, esquina com a Rua Cel. Dulcídio, onde funcionou o “Collégio Instituto Paranaense”, fundado em 1869. Atualmente, no local, está o prédio onde residiu a escritora Leonilda Hilgenberg Justus. Fotografia sem autoria e dos primeiros anos do século XX. Acervo de Carlos M. Fontes Neto.
3. Agostinho Martins Collares, detalhe da fotografia do casal sem data. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.
4. Verso da fotografia do casal, com a biografia de Agostinho Martins Collares anotada por sua filha Carol Ferreira. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.
5 e 9. Agostinho Martins Collares e a esposa Ubaldina Francisca Ferreira, sem data. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.
7. Placa da Rua Dr. Colares, centro de Ponta Grossa. A grafia do nome foi alterada ficando com um L somente. Fotografia de Carlos M. Fontes Neto em 12/01/2025.
8. Interior do Teatro Sant’Ana no início do século XX. Foi fundado por Agostinho Collares em 1868. A primeira edificação do teatro sofreu um sinistro, sendo reconstruído em 1887. Álbum do Paraná, 1920, acervo de Carlos Mendes Fontes Neto.
10. Recorte do jornal “O Tapejara” com artigo intitulado “Dr. Agostinho Martins Colares” de autoria de Faris Michaele, setembro de 1958. Acervo Museu Campos Gerais, Universidade Estadual de Ponta Grossa.