Detalhe

Cadeira 31

Manoel Cyrillo Ferreira

Patrono

“...uma das figuras mais representativas da sociedade ponta-grossense. Prestigioso e relacionadíssimo no seio de todas as classes, homem inteligente e de reais serviços ao seu torrão natal, que o tinha como uma das suas tradições.”
(Diário do Paraná, 19/11/1946)

Na cidade de Ponta Grossa, nasceu aos 18 de janeiro de 1864 um dos mais respeitados homens da sociedade ponta-grossense pela sua pluralidade de ações e contribuições. Filho de Agostinho Martins Collares (Dr. Collares) e Ubaldina Ferreira, foi advogado, professor, escritor, músico, compositor e maestro.

Junto com seu irmão José Martins Collares, no ano de 1879, fundou um Externato no qual trabalhou como professor até o ano de 1883, quando se mudou para Curitiba, então Capital da Província do Paraná.

De volta para sua cidade natal, fundou a Banda Aurora Pontagrossense (sic), distinto conjunto musical estreado no dia 13 de junho de 1887, em baile realizado no Teatro Sant’Ana II, sociedade presidida por seu irmão, José Martins Collares, conhecido habitualmente por Nhonhô. A banda marcou suas atividades em diversas participações do cenário musical da cidade, tendo em suas linhas da história a famosa rivalidade (inclusive política!) com a antiga Banda Lyra dos Campos, fundada por Jacob Holzmann, em 1879.

Exerceu o cargo de Escrivão da Coletoria Provincial e Geral e também, Promotor Público. Entre 1890 e 1907 foi advogado provisionado nas cidades de Castro, Guarapuava, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, São José da Boa Vista e Tibagi. Foi Secretário da Câmara Municipal e Secretário de Gabinete, nas gestões dos prefeitos Ernesto Guimarães Vilella, José Bonifácio Villela, Theodoro Baptista Rosas, Brasílio Ribas e Abraham Glasser.

Aos 05 de janeiro de 1923, aos 58 anos de idade, depois de longos anos de convivência marital, oficializou matrimônio com Maria de Jesus Andrade Ferreira, com quem teve 12 filhos: Arthur Castriciano (1890); Manoel Jovito (1892); Fernando Cyrillo (1893) (faleceu com 22 anos); Maria Sizinia (1896); Boaventura (1898) (faleceu com 4 anos); Antônio Tuyuty (1897); Francisco de Assis (1901); João Donatilio (1903); Rosalina Servula (Nenê) (1906); Joaquim Cyrillo (1908); Julieta (1910) (faleceu com 2 meses) e Carlota (1911).

Em setembro de 1935, lançou o livro “Miscelâneas da História de Ponta Grossa”, onde registrou as mais “curiosas e atraentes” histórias da sua terra natal. O livro é uma das mais notáveis referências sobre a história de Ponta Grossa, visto que traz informações substanciais e verídicas, como bem destaca o autor no último parágrafo do preâmbulo da obra:

“Revivendo nestas páginas alguns traços de sua existência, serei fiel à verdade história; na certeza, porém, de que o trabalho será incompleto; deixá-lo-ei, no entanto, como um incentivo aos que, com mais competência e erudição, possam no futuro, amplia-lo traçando o perfil histórico deste majestoso rincão paranaense”.

Manoel Cyrillo faleceu em 16 de novembro de 1946, vítima de insuficiência cardiovascular, deixando um distinto legado aos que o conheceram e para nós, que ainda tomamos suas pesquisas como fonte de referência. 

Conservatório Maestro Cyrillo Ferreira

Em setembro de 1951, sua última filha, Carlota Ferreira (tradicionalmente conhecida como Carol Ferreira) fundou o “Conservatório Musical Maestro Cyrillo Ferreira” em homenagem ao seu pai. Instituído e gerido sem nenhum auxílio financeiro do poder público, o Conservatório iniciou suas atividades em janeiro de 1952. 

Com matriculas gratuitas destinadas aos alunos interessados em aprender música e que não tinham condições financeiras, atendia com a dedicada colaboração dos distintos professores: Carol Ferreira, Eleonora Consentino Cordeiro, Lalia Werneck, Nair Cruz e Semiramis Oliveira (piano); João Gehr (violino). Josmar Mauano (harmônica) e Flávio Araújo (violão). 

Além de música, o Conservatório dedicava-se ao ensino de outras artes: Beli Perrô (arte dramática) e Orfeu Vergani (desenho e pintura).

Em março do mesmo ano, Carol cria a “Escola de Ballet”, anexa ao Conservatório, sendo uma das precursoras do ballet na cidade, tendo como professoras as Sras. Ida Wagner e Eulália Firak. Entre as primeiras alunas de ballet, estão: Cloris Lange, Sigrid Scherrer, Lizete Provisiero, Marise Holzmann, Lydia Schwansee, Fraya Meyer e Irene Beatriz De Geus.


Referência
Periódicos “O Dia”, “A República”, “Diário do Paraná”, “A Tarde”, “Diário da Tarde” e “A Notícia”, acessados na Hemeroteca da Biblioteca Nacional;
Ferreira, Manoel Cyrillo. Miscelânea da História de Ponta Grossa, 1935;
Holzmann, Epaminondas. Cinco Histórias Convergentes. 2ª edição. UEPG, 2004.

Texto escrito pelo acadêmico Douglas Passoni de Oliveira, publicado na coluna Sherlock Holmes Cultura do Diário dos Campos em 2 de julho de 2021 e na reedição do livro Miscelâneas da História de Ponta Grossa, lançada pela Editora UEPG no mesmo ano.

Legenda das imagens

1. Certificado de Prêmio conferido a Manoel Cyrillo pelo seu comportamento e aplicação nas aulas de latim e francês do “Collégio Instituto Paranaense” em 29 de fevereiro de 1875. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.

2. Capa da primeira edição do livro “Miscelâneas da História de Ponta Grossa” de Manoel Cyrillo Ferreira, edição de 1935. Acervo de Carlos Mendes Fontes Neto.

3. Medalhões em porcelana do jazigo da família Manoel Cyrillo Ferreira no Cemitério Municipal São José. As fotografias estampadas nos medalhões são do próprio Manoel Cyrillo e da sua esposa Maria de Jesus Andrade Ferreira. Fotografia tirada por Carlos Mendes Fontes Neto em 29/10/2020.

4. Nomeação para o cargo de Secretário da Intendência Municipal de Ponta Grossa, em 1891, pelo primeiro prefeito do período republicano, Cel. Claudio Guimarães. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.

5 e 9. Fotografia de Manoel Cyrillo Ferreira, sem data e sem autoria. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.

6. Residência de Manoel Cyrillo na Rua 7 de Setembro, 718. Foi demolida em 1955. Acervo fotográfico de Carol Ferreira, reproduzido por Isolde Waldmann na edição de Biografias 2010 – Concurso Municipal de Biografias “Amália Max”, Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, 2011.

7. Página do “Preâmbulo” da edição original de “Miscelâneas da História de Ponta Grossa” com dedicatória e assinatura do autor. Acervo de Carlos M. Fontes Neto.

8. Reunião da Câmara Municipal da gestão Prefeito Abraham Glasser, 1916-1920, secretariada por Manoel Cyrillo que aparece na mesa diretora, à direita. Álbum do Paraná, 1920, acervo de Carlos M. Fontes Neto.

10. Capa da segunda edição de “Miscelâneas da História de Ponta Grossa, edição da Editora UEPG de 2021. Acervo de Carlos M. Fontes Neto.
 

x